Esses últimos dias foram de muita efervescência:
manifestações, lutas sociais, futebol, festividades juninas e muita análise
crítica. Dias de muito suor, sangue, bomba de gás lacrimogênio, forró,
realidades paralelas e desiguais.
Tudo isso me leva a vários pensamentos e questionamentos. Em
cada um desses espaços, repensei qual o meu lugar nisso tudo e quais posturas e
ações a serem encaminhadas? qual país eu
quero (ou não quero) viver?
Vejo que a vida, e não só as pessoas com quem convivo,
sempre pedem uma resposta ou fomentam uma discussão na qual preciso expressar
meu pensamento, minha revolta e/ou descontentamento, daí percebo que a tão
sonhada neutralidade ou estado de imparcialidade não existe. Não cabe mais
ficar em cima do muro A criticidade, a revolta, a tristeza e impotência diante
de um status quo me incomoda e mobiliza
a pensar qual minha (verdadeira) função social.
Bem que tentei descansar, relaxar, ficar imune às discussões
e enfrentamentos. Tudo em vão, e alternativa não restou: tive que opinar,
falar, criticar, verborragizar constante, como se minha vida dependesse disso. E
de fato depende. Depois das vivências ao longo da trajetória, vejo que não
posso ser neutra, indiferente ou ambígua. Tenho que falar, escrever, dizer,
jogar pedras, caminhar pelo espaço. Assim manter-me-ei pulsando, viva. E só os
vivos caminham em direção à mudança.
Por outro lado, não escolhi ser assim. A Vida, a Poesia e o
Universo conspiraram contra mim. E até hoje conspiram, inquietam, tiram meu
sono, “apertam minha mente”, motivam meu grito, meu riso e meu choro.
Achei que eu estava ficando doida, mas não. Estou dialogando
com o mundo e ele está em constante movimento. Numa instigação contínua.