sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Pequeno Artesanato

Escrevo para dizer que estou vivo
Faço confissões, requerimentos, cartas
Pois, perto de ti, não consigo articular
Basta mirar teus olhos e a mente se apaga
Ainda entorpecido, ponho-me a escrever
Juntar letras e sons para lhe falar
E o correio se encarrega
De conduzir até você
Minhas letras de amor
Sou poeta, pouco tenho
Minhas moedas não dão para comprar rosas
Por isso te ofereço trovas com apreço
Parece pouco, mas é tudo que tenho
Com esmero e empenho
Minha alma no papel.

Descrença

Acordei assim
Desacreditada
Descrente no amor
Sem fé no ser humano
Como isso aconteceu?
Procurei por toda parte
Nas lembranças, nas gavetas da memória, dos cheiros
A caixa dos amores está vazia, entreaberta
Foi-se embora.
Preciso encontrar, não posso sair assim na rua
Ele adornava o meu rosto, afinava a minha voz
Agora sou um ser amorfo, sem feitio
Um ser meio humano meio besta fera
Preciso encontrar o Amor, a Ternura, a Ingenuidade
Para encarar a Vida sem titubear
Tenho que voltar a ser criança.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Fina Flor de Dendê

Sou valente, sou da guerra
Grito, falo alto, berro, quebro coreto
Sou rebelde, atoleimada, retada
Se tou errada, peço desculpa
Se tou certa, passo por cima.
Sou assim e disso não me envergonho.
Tá comigo, tá com Deus
Não deixo na mão quem gosta de mim.
Se me tratar bem, com dengo e manjar
Terá uma amiga pra toda vida
Agora se vier com meia-banda, meia-boca, meia-palavra
Jogo bem longe, com golpe de pernada ou braçada
Capoeira e foice
Mas antes fosse meu inimigo declarado
Porque comer no meu prato e fazer escárnio
É coisa de tinhoso.
A quem chega entrego o manual
Faça assim que dá certo
Faça assado que é de bom grado.